Foto: Reprodução
Design: do funcional ao emocional
Por: Natalya Vasconcelos. 31/03/2021.
Segundo o historiador Rafael Cardoso (2016), um dos marcos fundamentais na história para caracterizar design foi a nítida separação entre projetar e fabricar. Apesar da produção em série ter se intensificado durante o século XVIII com a Revolução Industrial, outros eventos anteriores já haviam experimentado esse tipo de trabalho. Como por exemplo, segundo Cardoso (2016), na Antiguidade, quando eram feitas moldagem de cerâmicas e fundição de metais numa produção em série básica. Cardoso (2016) fala que apesar de não haver precisão de quando houve a separação entre projeto e execução, o emprego do termo designer, por outro lado, tem seu registro marcado pela primeira vez pelo Oxford English Dictionary no século XVII. “Tanto do ponto de vista lógico quanto do empírico, não resta dúvida de que a existência de atividades ligadas ao design antecede a aparição da figura do designer” (CARDOSO, p. 22, 2016).
“Nas primeiras décadas do século XX, o funcionalismo foi um princípio do design proposto por correntes de países centrais, especialmente a Alemanha” (NIEMEYER, 2013). Nesse período, segundo Cardoso (2013), popularizou-se entre designers funcionalistas o lema expressado pelo arquiteto Louis Sullivan “a forma segue a função”. Lema este que, segundo Niemeyer (2013), foi tomado como um manifesto ideológico, influenciado pela linguagem formal da industrialização. Na prática, segundo a concepção funcionalista, a forma do produto deve ser configurada de acordo com seu funcionamento. “Após a II Guerra Mundial, com a consolidação da ergonomia, um outro paradigma do design veio se somar ao funcionalismo: a adequação do produto ao usuário” (NIEMEYER, 2013).
Nos últimos anos, todavia, novos conceitos foram surgindo. Segundo Araujo (2012), o designer Esslinger adaptou a expressão “a forma segue a função” para “a forma segue a emoção” (em tradução livre). Refletindo, assim, uma nova fase do design, “onde os objetos e serviços são cunhados para atender não somente as necessidades cognitivas das pessoas, mas também suas necessidades emocionais” (ARAUJO, 2012).
Foto: Ayman Shamma.
Donald Norman (2004) dá como exemplo seus três bules de chá, que ele os descreve como a) um bule inutilizável, porque a alça é do mesmo lado do bico, b) um segundo bule o qual Norman se atraiu pela sua aparência “rechonchuda”, c) e um terceiro cuja forma é complicada, mas prática. Norman (2004) entende que pouca (ou nenhuma) utilidade esses objetos teriam em seu dia a dia. Inclusive prefere usar uma panela japonesa para preparar o seu chá, de jeito “rápido, eficiente e fácil de limpar” (NORMAN, 2004, em tradução livre). Contudo, os três bules têm outras funções que para ele importa, como quando Donald recebe visitas e utiliza sua pequena coleção nada funcional, mas ótima para contar histórias. “Assim, o produto, além das funções prática, estética e de uso, tem a função significativa. O produto difunde valores e características culturais no âmbito que atinge” (NIEMEYER, 2013).
De acordo com o Sebrae, hoje o design caracteriza-se por ser um processo que propõe soluções criativas, responsabilizando-se pelo planejamento, criação e desenvolvimento de produtos e serviços, que atendam necessidades do cliente e da empresa. Atua nas áreas de ambiente, compondo espaços planejados para serem receptivos, funcionais e econômicos, comunicação, para levar a mensagem da empresa de forma efetiva, desviando de ruídos, produto, projetando artefatos que levem em consideração forma, função, uso e tecnologia, e serviço, buscando satisfazer a necessidade do consumidor, seja de forma tangível ou intangível.
Referências bibliográficas:
ARAUJO, Eduardo Pacu de. Um estudo sobre Etnografia aplicada ao Design. Orientadora: Vera Nojima. Rio de Janeiro, 2012. 104 p. Dissertação – Departamento de Artes e Design, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
CARDOSO, Rafael. Design para um mundo complexo. Adaptação e coordenação digital Antonio Hermida. 1º edição eletrônica. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
CARDOSO, Rafael. Uma introdução à história do design. 4º reimpressão. São Paulo: Blucher, 2016.
NIEMEYER, Lucy. Elementos de semiótica aplicados ao design. 1. Ed. 5º tiragem. Rio de Janeiro: 2AB, 2013.
NORMAN, Donald A. Emotional Design: why we love (or hate) everyday things. Basic Books, 2004.
SEBRAE. O que é design. Disponível em: click aqui. Acesso em: 10 mai. 2020.
Vamos conversar?
Entre em contato para tirar suas dúvidas e saber como podemos contribuir para o seu negócio.